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sexta-feira, 31 de outubro de 2008

O Tratamento de Efluentes Líquidos e sua Viabilidade Econômica





17/10/2008
Por Adalberto Mohai Szabó Júnior
No Brasil as indústrias não podem colocar os efluentes líquidos por elas gerados em contato com o ambiente extra fabril sem que sejam devidamente tratados, exceto em casos em que as características desses efluentes estejam em conformidade com as exigências legais, o que dificilmente acontece.
Subentende-se desta forma que na maior parte das vezes as indústrias precisam tratar os efluentes que geram. E assim sendo, podemos concluir que as mesmas possuem duas diferentes alternativas. A primeira que consiste em tratá-los para posterior despejo, e a segunda, que consiste em tratá-los para que sejam reaproveitados na própria indústria.
A segunda opção é muito mais recomendada que a primeira, pois em circunstâncias em que a indústria trata seus efluentes para que sejam reaproveitados, ela acaba diminuindo o consumo de água potável e os custos com tal consumo.
Contudo, para grande parte dos empresários não basta este argumento para convencê-los da viabilidade econômica desse tipo de projeto.
Para tanto, demonstrarei através de um exemplo hipotético de que maneira devemos proceder para calcular dois importantes indicadores que servem de parâmetro para conhecer detalhes da viabilidade.
O primeiro deles, é conhecido como prazo de retorno (pay back). Trata-se de um indicador que nos mostra quanto tempo será necessário para o dispendimento de capital para que os efluentes sejam tratados e re-aproveitados retorne aos cofres da instituição.
Para determinarmos este importante indicar, utilizarei os valores abaixo como referência, supondo que estivéssemos diante de uma empresa que tivesse interesse em tratar os efluentes por ela gerados para reaproveitamento interno.

Investimento: R$ 100.000,00Custo mens. consumo de água antes implantação do projeto: R$ 40.000,00Custo mens. consumo de água após implantação do projeto: R$ 20.000,00
De pose desses dados, basta que façamos uso da fórmula abaixo:
Pay Back = Investimento / Economia MensalPay Back = R$ 100.000,00 / (R$ 40.000,00 – R$ 20.000,00)Pay Back = R$ 100.000,00 / R$ 20.000,00Pay Back = 5 meses
Isso significa que durante os cinco primeiros meses subsequentes a implantação do projeto a empresa não lucraria absolutamente nada, pois a mesma só estaria recuperando mês a mês, o dispendimento de capital feito para que o projeto fosse colocado em prática. A empresa só lucraria a partir do 6º mês e essa lucratividade corresponderia a R$ 20.000,00 por mês, ou seja, R$ 240.000,00 por ano ou R$ 2.400.000,00 por década.
Para determinar o outro indicador igualmente importante, denominado rentabilidade, basta fazermos os cálculos abaixo:
Rentabilidade = Economia mensal / InvestimentoRentabilidade = R$ 20.000,00 / R$ 100.000,00
Rentabilidade = 0,2 x 100 Ü 20% ao mês
Este indicador deve ser comparado com as rentabilidades conseguidas por intermédio de investimentos com baixo grau de risco, oferecidos pelo mercado financeiro.
No Brasil, a caderneta de poupança tem conferido aos seus investidores uma rentabilidade mensal de aproximadamente 0,6%. Isso significa que a rentabilidade desse empreendimento no país é extremamente significativa, ou seja, mais de 30 vezes maior.
Se o empresário desta empresa deixasse o dinheiro necessário para colocar o projeto em prática na caderneta de poupança, veja como essa quantia se comportaria durante dezessete meses, supondo uma rentabilidade mensal de 0,6% ao mês:
01º mês: R$ 100.000,0002º mês: R$ 100.600,0003º mês: R$ 101.203,6004º mês: R$ 101.810,8005º mês: R$ 102.420,9006º mês: R$ 103.035,4007º mês: R$ 103.653,6008º mês: R$ 104.275,5009º mês: R$ 104.901,2010º mês: R$ 105.530,6011º mês: R$ 106.163,8012º mês: R$ 106.800,8013º mês: R$ 107.441,6014º mês: R$ 108.086,3015º mês: R$ 108.734,8016º mês: R$ 109.387,2017º mês: R$ 110.043,50
Percebe-se que passados dezessete meses na caderneta de poupança o empresário teria acumulado a quantia de R$ 110.043,50 e se o dinheiro tivesse sido investido no tratamento dos efluentes para reaproveitamento intra-fabril, o ganho teria sido de R$ 240.000,00, uma quantia muito maior que a acumulada no banco.
Através deste artigo, acredito que tenha ficado suficientemente claro que investimentos que contribuam para o desenvolvimento sustentável são em muitas vezes economicamente viáveis, pois todo e qualquer empreendimento que possui um pay back relativamente pequeno e uma rentabilidade sensivelmente superior a rentabilidade oferecida pelo mercado financeiro aos seus investidores através de produtos com baixo grau de risco deve ser considerado economicamente viável.
Esse exemplo hipotético que usei como referência permite aos leitores que aprendam a maneira com que o pay back e a rentabilidade de um empreendimento devem ser determinados.
Adalberto Mohai SzabóJúnior - Técnico em eletrônica, licenciado em ciências com habilitação plena em química e bacharel em química com atribuições tecnológicas.
Pós-graduado em gestão e manejo ambiental e mestre em educação. É também, autor de livros técnicos utilizados em instituições de ensino de diversos Estados do país, de inúmeros artigos publicados em significativos meios de comunicação e de inúmeros projetos de educação ambiental e responsabilidade social.
Consultor e instrutor de empresas de pequeno, médio e grande porte. Professor universitário com expressiva atuação em cursos superiores de tecnologia, em cursos de bacharelado e em cursos de pós-graduação. Atualmente leciona em várias instituições de ensino superior da região do ABC.
Fonte: Ecolméia.

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